Os perigos de viver entre ordenados e como sair dessa situação
Esperar pelo próximo ordenado para conseguir fazer frente às despesas do mês é uma prática muito comum entre os portugueses, mas que poderá ser perigosa e colocar a sua segurança financeira e qualidade de vida em risco. Veja neste artigo os passos que sugerimos para sair dessa situação.
A expressão “viver entre-ordenados” foi adaptada por nós a partir do inglês “living paycheck-to-paycheck” para manter o mesmo significado.
O que significa então “viver entre-ordenados”?
Este termo refere-se a um modo de vida no qual uma pessoa depende exclusivamente do salário ao final do mês para cumprir todas as obrigações mensais, ou seja, o pagamento das suas despesas fixas. Significa, resumidamente, gastar todo o dinheiro que se ganhou no mês actual.
Porque é que viver entre-ordenados pode ser perigoso?
Quem vive entre ordenados não tem, normalmente, activos líquidos significativos. Isto coloca a pessoa em questão num estado de vulnerabilidade financeira que pode rapidamente levar à insolvência em caso de perda de emprego ou despesas inesperadas, como, por exemplo, despesas médicas em caso de doença súbita. Então, mas o que pode fazer para alterar esta situação se o dinheiro não estica e o seu ordenado não vai aumentar os próximos tempos? Não é fácil, mas há sempre algo que pode fazer para poupar mais dinheiro e conseguir uma boa “almofada” para tempos financeiros difíceis.
Em resumo, os principais perigos desta forma de gestão são:
- impossibilidade de se preparar para imprevistos (acidentes, perda de emprego, etc.);
- alto risco de endividamento e insolvência;
- stress financeiro;
- incapacidade de preparar o futuro.
Os primeiros passos para deixar de viver “entre ordenados”
Para contrariar o modo de vida “entre-ordenados”, é preciso começar a juntar algum dinheiro por mês. Este processo não é instantâneo e requer algum trabalho e ajustes da sua parte, mas nada acontece sem algum esforço. 🙂
1. Registe as suas despesas (todas)
Quer seja num bloco de notas, numa folha de cálculo do Excel ou mesmo no Boonzi, não importa. Registe tudo. Só assim poderá conhecer com precisão os seus hábitos de consumo reais- surpresas incluídas- e saber se está a gastar em coisas superficiais ou não.
2. Faça/redefina o seu orçamento mensal
Se já faz habitualmente o seu orçamento mensal, experimente reduzi-lo consoante o que descobriu após registar as suas despesas. Se não ter por hábito fazer um orçamento mensal, é uma boa altura para começar.
3. Abra uma conta poupança de débito automático
Existem planos de poupança que retiram automaticamente uma parte- especificada por si- do seu ordenado (a partir de 10€) antes mesmo de ter tido hipótese de a gastar e a colocam numa outra conta.
4. Cortar despesas
Dependendo das suas necessidades e do seu volume de dívidas, talvez seja boa ideia trocar de carro para um que gaste menos ou até mesmo- no caso se haver mais que um carro no seu agregado familiar- ponderar passar a usar apenas um carro ou utilizar o seu apenas para situações pontuais. Viver um pouco abaixo das suas possibilidades temporariamente é sempre uma opção. O contrário é que não! 🙂
5. Deixe-se entrar numa “bola de neve” de pagamento de dívidas / Peça ajuda
Para conseguir viver sem depender apenas do ordenado ao fim do mês, terá que começar a pensar em pagar o máximo de dívidas que tenha. Vai ser incómodo e doloroso, mas necessário. Pense nisto como um passo rumo à liberdade financeira. O primeiro passo é listar todos os créditos e dívidas que tenha e organizá-los de acordo com o “pior” (no topo da lista) para o “menos grave”. Em seguida, ponha dinheiro de lado para pagar a primeira dívida. Se não tiver o dinheiro disponível no momento, comece a descontar um pouco todos os meses até ter a quantia total. Se estiver a viver uma situação de endividamento particularmente complicada, não podemos deixar de recomendar uma consulta gratuita de diagnóstico financeiro do nosso parceiro, Doutor Finanças.
Como é que o Boonzi o ajuda a sair desta situação
Quando lançamos a secção de orçamentos do Boonzi, mais completos e detalhados que os iniciais, tínhamos em mente precisamente uma estratégia para ajudar os nossos utilizadores a atingirem a liberdade financeira.
Alguns utilizadores perguntam-nos porque não permitimos definir as datas de início e fim do mês nos orçamentos para outras datas, especificamente as datas em que recebem o ordenado mensal.
A ausência da possibilidade de configurar os meses em função da data do vencimento é intencional, uma vez que iria contra um dos objectivos do Boonzi: torná-lo uma aplicação responsável que ajuda realmente as pessoas a sair de situações de endividamento ou de dependência do próximo vencimento, até atingirem a liberdade financeira – e a gestão em função da data de vencimento quebra logo uma das primeiras regras.
No fundo, o que pretendemos é vir a ajudar o utilizador a ficar financeiramente mais seguro, mudando a sua abordagem do “recebe -> paga” (ou seja, no final fica sem dinheiro) para “paga -> recebe” (e no final fica com dinheiro, e não se preocupou com as datas em que batem os débitos).
O primeiro passo é exactamente: “Sempre prevenido para o mês seguinte”. Será a solução para o “Stop living paycheck-to-paycheck” (ou seja, deixa de viver entre-ordenados) e consiste exactamente em ajudarmos o utilizador a parar de planear o orçamento em função do vencimento, construindo pouco a pouco um “buffer” que o ajude a deixar de se preocupar com os momentos em que os débitos (ou créditos) caem.
Se ainda não experimentou a secção de orçamentos do Boonzi, veja o vídeo abaixo para aprender a utilizá-la. Se não possui uma licença do Boonzi, pode sempre testá-lo gratuitamente descarregando-o aqui.
Quando já tem vários orçamentos criados consegue perceber imediatamente se as suas disponibilidades serão suficientes para o mês que se segue, evitando ter que depender do vencimento que irá receber. Se este valor estiver negativo, tem uma probabilidade alta de vir a ter um problema de cashflow, pois o pagamento das próximas despesas está dependente de um vencimento que ainda vai receber. O ideal é começar a alterar de “recebe -> gasta” para “gasta -> recebe”, pois incentiva à construção de um “buffer financeiro”. Esse buffer permite que:
- haja sempre dinheiro para as despesas (independentemente de quando receberá o vencimento);
- as despesas sejam orçamentadas em função do buffer (ou seja, planear em função do que temos e não do que pensamos receber;
- as datas dos débitos deixem de ser uma preocupação.
Sair de uma situação em que (ainda) depende do próximo vencimento não é fácil de superar nem muito menos automática, mas esperamos que este artigo o inspire a ir ponto em prática as nossas dicas e ir construindo, aos poucos, os seus orçamentos e, consequentemente, a sua folga financeira que o permitirá viver confortavelmente sem depender do próximo vencimento. 🙂
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