Os truques de poupança de uma viajante a tempo inteiro
Em 2011, a Marta decidiu despedir-se do emprego que tinha para viajar de mochila às costas pela Índia. Acabou por ficar pela Ásia e Austrália durante 7 meses. Essa foi a experiência que marcou o início de uma viagem espiritual e que mudou a vida de Marta para sempre.
O seu blog, Shanti Free Bird, é um diário das suas viagens e da sua vida alternativa e sustentável.
Neste artigo, trago-lhe cinco dicas para que possa viajar com pouco dinheiro.
1. A escolha do destino
Tudo depende de onde deseja ir: países como a Austrália, Costa Rica, Estados Unidos, Canadá e países europeus (exceptuando os países de leste) são caros. A Ásia Central e do Sul são, na sua maioria, bastante acessíveis, de acordo, claro, com o meu conceito e ponto de vista sobre o dinheiro.
2. O orçamento diário
Quando parti para a Ásia, não sabia como organizar o meu dinheiro, portanto o meu amigo Pedro on the Road sugeriu que pensasse num orçamento diário. Comecei então a gastar 10€ por dia… ou, pelo menos, tentava. Havia dias em que só gastava 7€ e outros em que gastava 20€, mas tentava manter-me fiel ao meu orçamento diário o máximo possível.
Estabelecer este limite vai ajudá-lo a saber quanto dinheiro está realmente a gastar.
3. Alojamento
Se for viajar para um local com boas condições metereológicas, leve a tenda de campismo e desfrute da ligação à Mãe Natureza de graça. Caso contrário:
- Hostels e Guesthouses são a melhor escolha para um orçamento reduzido. Embora, por vezes, tenhamos que dormir num quarto com mais sete pessoas, a maior parte destes estabelecimentos já têm Wi-Fi gratuito e cozinha partilhada para que possam cozinhar em vez de ir comer fora. São também bons pontos para conhecer outros viajantes e tirar dúvidas com os funcionários (melhores lugares para visitar, actividades gratuitas na zona, etc.)
- Couchsurfing: Quer viajar mas tem algum receio? Junte-se a esta fantástica comunidade de viajantes! 🙂 Aqui encontra pessoas com os mesmos interesses que podem oferecer-lhe um sofá ou uma cama para pernoitar. Escrevi de forma mais aprofundada sobre o CouchSurfing aqui.
- Pesquisar pela localização dos amigos no Facebook: experimente procurar por amigos – por nome – na barra de pesquisa do Facebook e, do lado esquerdo, seleccionar a opção de “pessoas”, pesquisando por localidade de forma a verificar se lá tem amigos a viver. É possível que tenha amigos que se tenham mudado para o local para onde deseja ir. 🙂
Nota: Os hotéis são caros e nada pessoais. São confortáveis, é verdade, mas o que vai fazer lá durante a noite? Ver televisão?
4. Comida
- Mercados locais: são os melhores lugares para comer. Neste tipo de mercados a comida é local e muito barata. Lembro-me de comer os melhores camarões de sempre no mercado de Koh Phangan, na Tailândia.
- Restaurantes low–cost: se estiver atento, conseguirá encontrar restaurantes que, apesar de não serem requintados, são muito acessíveis e servem comida deliciosa. Uma vez comi um prato maravilhoso de galinha com feijão e salada por menos de 2€ em Guatemala.
- Cozinhar: Aproveite os mercados de manhã para comprar vegetais e peixe de fresco de boa qualidade. Depois, cozinhe-os no seu fogão de campismo ou na cozinha do hostel.
Nota: os restaurantes “requintados” são caros e estou cheios de turistas sempre a tirar fotografias. 🙂
5. Voos
- Quando estiver à procura de um voo, procure em sites como o SkyScanner, E-Dreams ou Momondo para encontrar os melhores preços. Procure pelo mesmo percurso em vários sites e compare os preços.
- Procure também por aeroportos em grandes cidades perto de si. Por exemplo: um voo directo de Lisboa – São Francisco custava 900€, mas de Madrid a São Francisco ficava apenas por 600€. De autocarro ou de comboio, 5 horas chegam para ir de Lisboa a Madrid. 🙂
Se puder, recorra ao cartão de estudante
Se é estudante, aproveite os descontos que este cartão traz para visitar museus, parques e demais atracções turísticas bem como viagens de autocarro e comboio a metade do preço ou menos.
Evitar as maiores zonas turísticas é uma boa ideia para poupar dinheiro, visto que tudo lá é mais caro. Em Koh Phangan descobri que o o lado este da ilha era demasiado turístico, principalmente por causa da célebre Full Moon Party. Assim, decidi ir para oeste e acabei por pagar apenas 6€ por um bungalow em frente ao mar, enquanto na zona este pagaria 30€ ou mais por um quarto num hotel.
Algumas das minhas despesas em viagem
A primeira vez que eu tentei fazer backpacking tinha 23 anos e estava pronta para ir num InterRail. Eu tinha 1.000€ (para alimentação, alojamento) para gastar em 3 semanas.
Quatro anos depois estava a voar para a Ásia onde planeei passar os próximos dois ou três meses, mas acabei fazer backpacking durante sete meses.
Ásia e Áustrália: 4000€ em 7 meses
Nestes sete meses em que andei a viajar, gastei apenas 4000€, repartidos por:
- comida
- alojamento
- transportes (autocarro, combóio e 4 voos)
- 5 semanas na Austrália, o país mais caro do mundo.
Europa: 450€ em 3 meses
No ano passado decidi viajar pela Europa, mais uma vez a fazer backpacking e a andar de boleia. Nesta viagem gastamos 450€ em três meses em alimentação apenas.
Conclusão
Estes são apenas exemplos de alguns dos meus gastos em viagens nos quais não incluí despesas em saídas nocturnas, museus, algumas peças de vestuário, entre outras coisas. Ao longo dos anos fui desenvolvendo habilidades que me permitiram viajar dentro do orçamento estipulado, gastando apenas o mínimo indispensável.
Mas somos todos diferentes, pelo que não posso recomendar que toda a gente ande à boleia só porque não tem dinheiro suficiente; digo apenas que é possível se realmente quiserem fazê-lo.
Espero que estas dicas lhe sejam úteis, afinal são as pequenas coisas que fazem toda a diferença.
O meu lema é: gaste menos, viaje mais!
Boas viagens!
Marta Chan, blogger, Shanti Free Bird
Comentários
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Artigo interessante, mas de onde vêm o dinheiro para as viagens? Se formos viajantes a tempo inteiro o dinheiro tem que vir de algum lado… podem dar sugestões?
Obrigada, Nuno! A Marta está em viagem e não podemos responder por ela no que diz respeito à sua experiência pessoal, mas recomendo a leitura deste artigo interessantíssimo intitulado “How regular people afford to travel the World”: http://www.nomadwallet.com/afford-to-travel-the-world/
Espero que ajude. 🙂
Olá Nuno!
O dinheiro provem de diferentes modos, dependendo da tua profissão ou capacidades. Há viajantes que ganham dinheiro pelo caminho através de teatro de rua, a tocar um instrumento musical ou malabarismo. Também há quem venda o seu artesanato ou tira fotografias/faz colaborações para revistas sobre a viagem que vive no momento.
A título de exemplo, conheci duas polacas que no Verão viajavam para locais turísticos e faziam malabarismo. Precisavam apenas de uma hora/dia para ganharem 100€ ou mais.
Se não tiveres uma veia artística, a melhor forma é trabalhares durante um mês ou dois num local onde ganhes bem e assim que atingires o suficiente podes continuar a viajar (é o que tenho feito) Para isso podes trabalhar na apanha da fruta, babysitting, “house keeper”, a ensinar inglês… Assim estás a trabalhar noutro país e a interagir com os locais, só pontos positivos!
As opções são diversificadas, apenas tens de abrir o coração e agarrar oportunidades! 🙂
PS_ Aqui é importante salientar que quando viajas a tempo inteiro tens de organizar o teu dinheiro para alguns meses, senão para o ano inteiro. Passas também a gastar dinheiro naquilo que realmente necessitas em termos materiais e acabas por gastar mais em experiencias (fazer mergulho, assistir a um show, ir a um museu, etc) Ora, se vais de ferias uma semana é natural que gastes à vontade 1000€ pois só tens aqueles dias e queres é disfrutar ao máximo.